quarta-feira, 6 de julho de 2011

Porcelana que iria para o lixo vira argamassa para construção civil

Raquel do Carmo Santos - Jornal da Unicamp - 22/12/2009


O engenheiro civil Marco Antonio Campos mostra os resultados de seus ensaios para reciclagem da porcelana de isoladores de eletricidade: economia de cimento no concreto. O Brasil produz 30 mil toneladas anuais de isoladores elétricos de porcelana de alta e baixa tensão para distribuição de energia - equipamento utilizado como isolante de eletricidade em postes de iluminação, usinas hidrelétricas e, até mesmo em residências. Deste montante, 75% são destinados às substituições das peças que perdem a sua função isolante. Isto significa que 22.500 toneladas de isolantes velhos são descartadas todos os anos.

Reciclagem do metal e da porcelana

Não há problemas com o corpo metálico do isolador, que é reaproveitado e reciclado. Mas a parte de porcelana é descartada de forma absolutamente inadequada - em terrenos baldios e beiras de estrada, por exemplo. Essa situação levou o engenheiro Marco Antonio Campos a realizar ensaios que permitiram adicionar o resíduo da porcelana que seria descartado na natureza em misturas que resultaram em novos tipos de concreto e argamassa. Os experimentos deram certo. Campos obteve um material vantajoso do ponto de vista de resistência e economia. O trabalho foi feito na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp, orientado pela professora Ana Elisabete P. G. A. Jacintho.

Areia e brita recicladas

O processo de transformação é relativamente simples do ponto de vista metodológico. A moagem do resíduo da porcelana foi feita de forma a gerar tanto a areia grossa - ou agregado miúdo na linguagem técnica - e brita 1 ou agregado graúdo. Tanto a areia quanto a brita permitiram resultados com granulometria similar à utilizada tradicionalmente na construção civil. Por sinal, a areia feita de resíduo de porcelana foi o material que obteve melhor desempenho nos ensaios em laboratório. Já os testes de substituição foram etapas complexas, pois demandaram muitos dias de experimentos para estabelecer comparativos. O engenheiro testou a areia e a brita com substituições nas classes de 25%, 50%, 75% e 100% e fez os ensaios após três, sete e 28 dias. "Estas comparações entre os dias e porcentagens de material eram necessárias para conhecer o desempenho do material em várias formulações diferentes", esclarece Campos.

Testes de resistência e compressão

O ensaio de resistência mecânica de compressão simples compreende a medição da capacidade que o material tem de suportar a pressão.
Já o teste de absorção da água visa medir o quanto de água o concreto ou argamassa absorve, pois quanto menor a capacidade de água, menor o consumo de cimento na mistura. "Os resultados foram similares às misturas feitas com materiais tradicionais e, em alguns casos, foram até superiores. A única questão foi o endurecimento do concreto ocorrer de forma mais rápida. Mas, isso foi perfeitamente contornado com o acréscimo de aditivos", explica.

Menos cimento no concreto

Uma das vantagens econômicas também tem a ver com os testes de absorção da água. Os resultados apontaram que o material não absorve a água, o que significa a diminuição do consumo de cimento para produção do concreto. Ou seja, possibilita uma economia substancial de material para a composição. Segundo Campos, as análises demonstraram que a proposta é perfeitamente viável. Ele lembra que a porcelana branca - matéria-prima dos isoladores - são altamente resistentes devido às temperaturas elevadas a que é submetida - em geral, até dois mil graus.

Fonte: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça seu comentário.